domingo, 20 de janeiro de 2013

A culpa é delas
Apesar dos pedidos de justiça e de mudanças na sociedade que
aconteceram na Índia, um guru espiritual chamado Bapu ganhou o papel
de vilão nessa história, por mais que isso possa ser assustador. De
acordo com a imprensa indiana, ele disse que a vítima deveria ter sido
mais gentil com os violentadores
, se quisesse preservar sua vida.
"Apenas cinco ou seis pessoas não são réus. A vítima é tão culpada
quanto os seus estupradores. Ela deveria ter chamado os agressores de
irmãos e ter implorado para que eles parassem. Isto teria salvado a
sua dignidade e a sua vida. Uma mão pode aplaudir? Acho que não”.
Culpar a mulher por ser vítima de violência não acontece apenas entre
religiões orientais. O padre Don Piero Corsi, da cidade de San
Terenzo, na Itália, afixou na porta da igreja um comunicado dizendo
que a culpa é das mulheres
. De acordo com ele, “as mulheres com roupas
justas se afastam da vida virtuosa e da família e provocam os piores
instintos dos homens”. Além disso, disse que o homem fica louco porque
as mulheres são arrogantes e autossuficientes.
Mas esse pensamento não é novo. Ele foi o principal impulso para a
Marcha das Vadias, que acontece anualmente em diversos países, e pede
respeito, mostrando que a mulher pode ter a vida sexual que quiser e
vestir a roupa que escolher sem precisar ter medo de ser violentada.
Eugenia* moderna
Uma juíza decidiu que, levando em conta os dados socioeconômicos de
uma mulher de 27 anos de Amparo (SP), que sofre retardamento mental
moderado – o que significa uma pequena regressão intelectual –, o
melhor, para a sociedade, seria que ela passasse por uma laqueadura e
se tornasse estéril
.
Durante todo o julgamento, a mulher, que não tem filhos e não tem
nenhum aborto ou problemas relacionados a gravidez informados, deixou
clara sua vontade de, no momento certo e com o companheiro certo, ter
filhos.
Ainda assim o julgamento ocorreu, a obrigaram a usar o DIU como método
contraceptivo e, no último mês, quando o dispositivo precisaria ser
trocado, a paciente fugiu alegando medo de que a laqueadura fosse
feita contra sua vontade.
A Defensoria Pública trabalha, agora, para que a decisão seja
revertida e os direitos constitucionais da mulher sejam respeitados.
* Eugenia é um controle para que só se reproduzam pessoas com certas
características físicas e mentais. A ideia é que assim seriam evitados
todos os tipos de deficiência. Esse foi um artifício usado por Hitler
durante o Nazismo.

Nenhum comentário: